quinta-feira, 6 de julho de 2017

A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS


É de grande importância para a formação de qualquer criança ouvir histórias. Isso possibilita o aflorar do imaginário infantil, a criação de ideias, estimula o intelecto, o descobrir o mundo, o sentir emoções, desenvolvendo assim todo o potencial da criança.

Na maioria das vezes, a preocupação existente nas escolas, é apenas a de ensinar o aluno a ler e escrever, esquecendo assim, de desenvolver nele o hábito e o gosto pela leitura. O educando é tratado de forma mecânica, como algo obrigatório e acaba se afastando de vez do mundo dos livros. Não é essa a função da escola. A escola deve ter como papel principal, preparar e incentivar os alunos a mergulharem no universo da leitura, despertando o interesse e o prazer pelo ato de ler. Por isso, é que as crianças devem ser inseridas no mundo dos livros desde bem pequenas e uma das principais ferramentas para se conseguir isso, é por meio da literatura infantil. Não eximindo jamais a família, que é tão responsável quanto a escola.  


Quando se reflete sobre práticas literárias como a contação de histórias, é preciso cogitar sobre e sugerir práticas e atividades ligadas à literatura, e que se entenda que o educador deverá ser o facilitador da leitura de forma prazerosa, em que todos têm que se sentir compromissados no processo educacional.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (2000, p. 64-65), definem a importância da inserção da leitura no ambiente escolar como: ampliar a visão de mundo e inserir o leitor na cultura letrada; estimular o desejo de outras leituras; possibilitar a vivência de emoções, o exercício da fantasia e da imaginação; expandir o conhecimento a respeito da própria leitura; aproximar o leitor dos textos e os tornar familiares - condição para a leitura fluente e para a produção de textos; possibilitar produções orais, escritas e outras linguagens; informar como escrever e sugerir sobre o que escrever; possibilitar ao leitor compreender a relação que existe entre a fala e a escrita; favorecer a aquisição de velocidade na leitura; favorecer a estabilização de formas ortográficas. 

 Essas habilidades podem ser desenvolvidas por meio da  literatura no dia a dia da escola. O professor deve facilitar o processo de ensino-aprendizagem dos seus educandos e a contação de histórias pode ser um meio eficiente  de inserir os conteúdos de forma prazerosa, como nas brincadeiras, nas rodas cantadas, na arte e nos filmes infantis, promovendo o desenvolvimento da criança, além da imaginação, da criatividade e de seu senso crítico.   

O ideal da literatura é entreter, instruir e educar as crianças. O prazer deve estar acima de tudo, quando se trata da leitura literária. A primeira função do livro infantil é a estético-formativa, a educação da sensibilidade, pois reúne a beleza. É desse modo que a literatura pode intervir no processo ensino-aprendizagem, pois lendo e ouvindo histórias o sujeito desenvolve sua sensibilidade, seu gosto artístico, como também amplia sua maneira de ver e entender o mundo (COELHO, 2000).

Este contato com os livros e histórias vai auxiliar a criança o desenvolvimento no aspecto cognitivo, na aquisição da linguagem oral e na socialização, na construção de regras e limites na relação com o outro e, sobretudo, no aspecto afetivo que trabalha com o vínculo e a constituição do sujeito.
Abramovich (2006, p.29) relata que “Ouvir histórias pode estimular o desenhar, o musicar, o sair, o ficar, o pensar, o teatrar, o imaginar, o brincar, o ver o livro, o escrever, o querer ouvir de novo. Afinal, tudo pode nascer dum texto!”.

Ao contar uma história para uma criança, uma história real ou imaginária, é dada a oportunidade a ela de conhecer as lendas, histórias, contos e fatos de um determinado local. Porém, as histórias contadas ou lidas, devem ser do interesse da criança, estimulando o lúdico, novas leituras, criatividade, ampliando a visão de mundo dos alunos, de uma forma prazerosa e mágica. 

Antunes (2001) relata que é na infância que se transformam as atitudes. Ouvindo histórias, as crianças se identificam quem é o personagem do bem ou do mal e quais atitudes semelhantes ela já teve, faz comparações com situações vistas ou vividas e isso pode ajudá-la a resolver seus problemas. É ouvindo histórias que a criança vai receber aquele conhecimento que, mais cedo ou mais tarde, utilizará na sua vida, em momentos que precise fazer escolhas, ou mesmo na sala de aula.
É importante aproveitar o gosto que a criança tem pelas histórias, para incentivar e estimular o desenvolvimento das aprendizagens, e não somente utilizar o livro como um mero instrumento pedagógico, ou para passar o tempo.

Cabe aos educadores, aguçar o imaginário infantil com histórias bem escolhidas, histórias com vocabulário rico e diversificado, com atrativos e adicionais com músicas, sons, texturas, em três dimensões, entre outros e utilizar recursos diversos para contar as histórias, como fantoches, teatros, por exemplo. 

A valorização da contação de histórias na Educação Infantil possibilita às crianças um desenvolvimento mais completo, pois na maioria das vezes é apenas na escola que elas têm contato com histórias que lhes ajudam a perceber a ludicidade das palavras, podendo criar e recriar novos textos e iniciar o gosto pela leitura. 


A contação de histórias na educação infantil é fator didático altamente importante; mais do que um passatempo, é como preparatório para alfabetização e ajudando na aquisição da escrita, leitura, interpretação e oralidade, pois traz descontração e entretenimento às aulas, deixando as crianças mais a vontade e mais motivados a aprender. Deve ser uma prática rotineira das escolas, pois a valorização desta atividade interfere no desenvolvimento integral da criança, além de estimulá-la a conhecer e apaixonar-se pelo mundo da leitura, de forma a garantir sujeitos críticos e bons leitores.

REFERÊNCIAS
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices 5ª ed. São Paulo: Scipione, 2006.
ANTUNES, Celso. Jogos para a estimulação das múltiplas inteligências. 9 ed. Petropolis: Vozes, 2001.
BRASIL. MEC. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, 1996.
 ____________. Ministério da Educação; Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa. Brasília: MEC/SEEF, 1997.
 COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil: teorias, analise, didática. São Paulo. Moderna, 2000.
DOHME, Vânia D’Angelo. Técnicas de contar histórias. São Paulo. Informal Editora, 2000.
GARCEZ, L. H. Técnicas de redação: o que é preciso saber para escrever bem. São Paulo: 2001. 

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