CONSCIENTIZAÇÃO PARA A CULTURA SURDA
Ao estudar a cultura surda e a construção de
sua forma de comunicação (a língua de sinais), é possível perceber alguns
relances de estigmas sofridos na construção dessa cultura e na reafirmação de
sua língua. Ao longo da história dos surdos, muitos estereótipos foram usados
para se referir aos surdos, tais como: o mudo, deficiente, anormal, doente e
outros mais.
A surdez muitas vezes foi associada a aspectos
cognitivos, por estes motivos, através da história o surdo sofreu preconceitos
e não pôde exercer sua cidadania. Por não ser considerado inteligente, o
sujeito surdo foi estigmatizado por ser considerado louco e incapaz. O termo
surdo-mudo ainda é usado até hoje por pessoas que não param para refletir que o
fato de não ouvir não torna alguém mudo (OLIVEIRA; OLIVEIRA, 2011).
Historicamente, o surdo carrega um traço
específico que o afasta da relação cotidiana, um estigma. Na Grécia antiga,
onde predominava os padrões de beleza ideais firmados a partir de medidas
proporcionais e simétricas, os deficientes eram considerados inválidos e por
vezes sacrificados. Sem a possibilidade de oralização eram vistos como animais,
já que o pensamento (racionalidade humana) se dava mediante a fala. Em Roma, os
surdos eram privados dos direitos legais, não casavam, não herdavam bens e,
segundo a igreja católica, eram destituídos da salvação, não tinham direito a
uma redenção espiritual, assim como não acreditavam que os surdos deveriam ser
educados, privando-os de qualquer desenvolvimento intelectual e moral. Na
antiga China, os surdos eram jogados no mar ainda vivos; em Esparta, os surdos
eram jogados de rochedos; em Gales, nas festas religiosas os surdos eram usados
como sacrifícios (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA de SURDOS apud LIMA e BARRETO, 2011).
Os surdos sempre foram estigmatizados e
considerados de menor valor social. Pelo fato de não falarem eram considerados
“humanamente inferiores”. A língua de sinais não era reconhecida, sendo
considerada uma mímica gestual.
A visão ouvintista torna o surdo incapacitado e
não respeita sua cultura e sua língua, que é a língua de sinais. A comunidade
ouvinte estereotipa os surdos como deficiente pelo fato de eles não falarem
oralmente (STRÖBEL, 2007).
Atualmente, não podemos negar a visibilidade
que a comunidade surda alcançou, sendo umas de suas grandes conquistas a
legitimação da LIBRAS enquanto língua oficial, bem como uma legislação voltada
para a regulamentação do direitos dos surdos a interpretes nas instituições
públicas, como também o aumento considerável de estudos científicos sobre a
surdez e os surdos.
A LIBRAS, como qualquer outra língua, não é
natural, é construída, organizada e reorganizada no âmbito da interação social,
portanto, é na relação com outros sujeitos que se constrói a identidade, no uso
que se faz com a língua e nas relações que a mesma estabelece, é uma língua
independente e reafirmar que a mesma é derivada da língua do país local.
Não podemos mais uma vez afirmar que houve um
rompimento com o estigma, entretanto, tem ocorrido, com estas medidas,
alterações consideráveis nas representações sobre a surdez, são estas mudanças
ou a indução a estas mudanças através de práticas e ideias difundidas que se
tornam de extremo interesse para a compreensão dos arranjos sociais.
As escolas inclusivas tem o objetivo de ensinar
a viver e respeitar as diferenças, todavia, compreender essas diferenças para
poder agir nelas é essencial, por isso, até este ponto o estudo dedicou-se em
apresentar a história do surdo, sua cultura, língua e estigmas sofridos na
busca de enriquecer a visão de profissionais envolvidos no sistema educacional
de alunos surdos.
Liderados pela essa visão de inclusão foi
proposto pela professora Bruna Rodrigues da Silva, professora que administra a
disciplina de Libras-Línguas Brasileira de Sinais que fizéssemos a
interpretação de uma música em Libras (uma escolha a livre árbitro), na qual
foi escolhido por nós a música Ninguém explica Deus da banda gospel Preto no
Branco. Foi maravilhoso o contato com a forma de sinalização, aprendemos muito
e vai ficar sempre nosso respeito e nossa admiração pelos surdos.
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